Como Isham Sardouk sabe o vai ser moda no futuro
![]() |
Tendência Manifesto: referências a Yves Saint Laurent para o verão 2012. |
No QG do Stylsight em Paris, cidade onde mora, além das reuniões diárias com a equipe, Isham vai a desfiles e confere exposições. Muitas viagens pela Europa, Ásia e América do Norte também entram na rota de caça. Para aguentar o ritmo de vida agitado e conseguir detectar o que vai virar hit, curiosidade em excesso é fundamental, assim como paixão pela moda e sede por arte. “Um bom caçador de tendências deve estar sempre intrigado por outras culturas, imerso em música e conhecer muito a história da moda. Atualizar-se sobre o mercado e ter senso de humor também é importante… Estamos falando do mundo fashion e isso deve ser divertido!”, define Isham, que, antes de integrar o time do Stylesight, foi diretor de design da gigante de lingerie americana Victoria’s Secret, sendo responsável pelo conceito e desenvolvimento de estampas e cores. Em entrevista à ELLE, ele explica como se reconhece – e, claro, como surge — uma tendência, conta quais são as melhores metrópoles do mundo para encontrar hits e revela ainda qual é o maior desafio de quem carrega o título de caçador de novidades. E, como ninguém é de ferro, não resistimos e perguntamos: “Com o que vamos querer rechear nossos closets no verão 2012?” Afinal, antecipar moda é mesmo com ele.
ELLE — Com que frequência você costuma viajar e quais são os lugares que visita mais?
ISHAM SARDOUK — Viajo a cada dez, 15 dias. Pode ser deslocamentos curtos, como de Paris a Londres ou de Paris a Milão. As viagens de Paris para Nova York acontecem a cada dois meses e também costumo ir à Ásia sempre, três ou quatro vezes por ano.
ELLE — Desses lugares, quais são os mais bacanas para encontrar as melhores tendências?
IS — Londres, Tóquio e Paris são cidades onde a moda nunca dorme. Nova York é o melhor lugar para sair e aproveitar a vida noturna, assim como para observar as pessoas
ELLE — Como se reconhece uma tendência?
IS — Você não pode ver uma tendência de moda, já que ela não é um objeto, como um vestido ou um carro. Você nota sinais, vai percebendo indicadores. Algumas peças aqui e ali e, então, depois de um tempinho, nota que algo realmente novo e diferente está acontecendo
ELLE — Como uma tendência nasce? É algo que tem a ver com um desejo coletivo inconsciente?
IS — Não existe um processo fixo para o nascimento de uma tendência. É algo natural, que as pessoas fazem coletivamente, mesmo sem saber. O mood dos anos 1970 sobre o qual falei há pouco, por exemplo, estará na pauta simplesmente porque muitos designers sentiram o impacto do trabalho de Yves Saint Laurent na retrospectiva do estilista, no ano passado, em Paris. Todo mundo percebeu que é o momento certo para trazer o estilo de Saint Laurent de volta à tona. Então, mesmo que os anos 1970 tenham sido mostrados nas passarelas de verão 2011 de Marc Jacobs, Gucci, Fendi e muitas outras marcas, a tendência voltou pelo desejo coletivo e originada apenas por um homem. Em outras palavras, uma tendência pode ser criada por um grupo ou simplesmente pelo trabalho de uma única pessoa